Crônicas de conteúdo histórico-cultural sobre artistas, personalidades, políticos e acontecimentos em Duque de Caxias, RJ, projeto concebido pelos jornalistas Alberto Marques e Josué Cardoso.

quinta-feira, março 19, 2009

PACOT E O MONUMENTO AO
“BICHEIRO DESCONHECIDO”

A decisão do prefeito Zito de abrir um acesso direto do viaduto Francisco Correa para o Shopping Center vai melhorar a circulação dos veículos que vão para a Linha Vermelha e o Engenho do Porto, mas acabou com a pracinha feita pelo Lion’s Club nos anos 70. Essa pracinha se tornou um marco em Duque de Caxias quando o publicitário Antonio Pacot, diretor da REVISTA DE CAXIAS, resolveu brincar com o marco em construção e revelou que ali seria inaugurado, brevemente, um “Monumento ao Bicheiro Desconhecido”.
O assunto rendeu notas em diversos jornais do Rio, principalmente pelo fato de Pacot (na foto, atraz do PM) trabalhava para o saudoso Messias Soares, cujo pai, Antonio Soares, gerenciava a loteria “O Sol Nasce Para Todos”, de propriedade do banqueiro do bicho e desportista Melchiades Mariano, o popular “Manduca”, recentemente falecido e que era Diretor-Tesoureiro da CBF. Ocorre que o Sr. Antonio Soares, como pai de Messias Soares, era quem bancava todas as despesas da revista.
O sempre irreverente Antonio Pacot, um publicitário e artista plástico muito respeitado e requisitado tanto no Brasil como em Nova York, onde morou durante alguns anos, morreu de enfarte aos 67 anos, em julho de 2000. Se vivo fosse, ele certamente teria uma charge nova para registrar a demolição do quase famoso “monumento”.
Entre outras campanhas que marcam a história da publicidade no Brasil, Antonio Pacot tinha em seu portfólio a hoje extinta “Imobiliária Sérgio Dourado”, o sorvete “Ébom” (cuja fábrica era na Rua José de Alvarenga, centro de Duque de Caxias), empresa processada pela Kibon e obrigada a mudar seu titulo para “Sem Nome”, a campanha sobre “A Notinha Por Favor”, destinada a melhorar a arrecadação do ICMS para o Governo do então Estado da Guanabara e a multinacional Golden Cross, entre outras.
Antonio Pacot era um caxiense que se tornou um cidadão do mundo e muito respeitado entre anunciantes e agências de publicidade. Um dos fundadores do Teatro Municipal Armando Melo, ele foi preso, juntamente com o ator Edgar de Souza e o teatrólogo Laís Costa Velho, quando tentava encenar uma peça no extinto Teatro do SESI.
O texto era uma sátira à situação vivida pelo município diante do noticiário policial dos jornais sensacionalistas do Rio, como “Luta Democrática”, “A Notícia” e “Ultima Hora”. A peça, que continua inédita até hoje, era “Festival de Defuntos”. Se fosse encenada hoje, seria recebida como uma peça realista, retratando a cidade na nova “Era de Cabral” em pleno Século XXI.
Aproveitando o seu bom relacionamento na mídia, Pacot conseguiu produzir um grande impacto, pois jornais e revistas, e até mesmo as emissoras de rádio, começaram a anunciar que, em breve, haveria um Festival de Defuntos em Caxias! O noticiaria partia da junção do nome da peça com a cidade em que seria apresentada, resultando numa manchete que a todos atraía. Afinal, pela primeira vez na história da imprensa mundial, estava sendo anunciada a realização de um festival de defuntos e numa cidade onde “as galinhas ciscavam p’ra frente”, como era o bordão do radialista Samuel Correia no programa “Radio Patrulha”, na Rádio Tupi, sempre que se referia a um noticiário policial tendo Duque de Caxias como palco.
A imagem da cidade como “terra de ninguém”, que começara na década de 50 em torno do mito Tenório Cavalcante e a sua não menos famosa “Lurdinha”, prosseguiu nos anos 60, com o assalto ao trem pagador da Central do Brasil, ocorrido em 14 de junho de 1960, próximo á estação de Japeri, na Baixada Fluminense.
Para investigar o rumoroso caso, dada a quantia roubada, cerca de 20 milhões de cruzeiros (moeda de época), a Secretaria de Segurança do antigo Estado do Rio designou o experiente Delegado Amyl Ney Richaid, titular da Delegacia de Duque de Caxias. Os criminosos só foram identificados no ano seguinte, graças à atuação do Detetive Perpétuo de Freitas, cedido pelo Governo do Estado da Guanabara para auxiliar nas investigações. Graças a Perpétuo – que era respeitado pelos bandidos, pois tinha por lema respeitar o preso, isto é, ele não “escrachava” quem se entregasse. – a polícia localizou o chefe do bando, apelidado de “Tião Medonho”, em Olaria, de onde foi levado, preso, para a Casa de Saúde Santo Antonio, em Duque de Caxias, aonde veio a falecer uma semana depois em conseqüência de um tiro que levada numa emboscada preparada pelo delegado sob a ponte de Coelho Neto.
Em função do desfecho do caso, o delegado Amyl acabou se elegendo deputado estadual, levando consigo seu principal X-9, Armando Belo de França, que se elegeu vereador em Duque de Caxias.
Ainda na década de 60, Duque de Caxias continuou a freqüentar as páginas policiais devido à ação do “Esquadrão da Morte”, um grupo de policiais que matava os bandidos que eles entendiam como irrecuperáveis. Com muitos tiros, os corpos eram deixados com um cartaz e os dizeres “Esse não mata/rouba/estupra mais”.
E o “Festival de Defuntos” iria abordar os crimes do “Esquadrão da Morte” e, talvez ou principalmente por este motivo, foi proibido pela Polícia e Antonio Paco levado para a 59ª DP/Caxias em companhia do ator Edgar de Souza e do teatrólogo e diretor de teatro Laís Costa Velho.
(Fonte: BLOG DÉCADA DE 50 -
http://decadade50.blogspot.com/2006/09/o-assalto-ao-trem-pagador-da-central.html)

3 Comentários:

Blogger Coisas de Dona Carmen disse...

nossa, hoje me deu uma saudade de Pacot, então joguei seu nome no google, como faço vez em quando... então me deparei com esse pedacinho dele. Agradeço, porque ele que foi mais que um amigo e mestre.
Merece ser relembrado sempre, porque era incansável e o mundo pequeno demais.
Obrigada.

12:24 AM, abril 07, 2009

 
Blogger clarice pacot disse...

sou clarice pacot filha e admiradora de pra mim gênio da propangada,fico feliz por essa lembraça vinda da minha querida caxias!acho que pacot homen do mundo merecia muitas homenagens,quem sabe ate um busto seu na tao sonhada pracinha que se tornou um marco... velhos e bom tempos que eu corria enquanto meu pai pintava aquele painel na casa de Tenorio Cavalcante que para mim era o tio avo que tinha um brinquedo chamado lurdinha! voila caxias

5:26 PM, abril 07, 2009

 
Blogger Frei disse...

Agradeço a referência à participação do detetive Perpetuo, meu pai, na elucidação do assalto ao trem pagador.

[ ]s do Freitas

11:39 PM, maio 01, 2009

 

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