Crônicas de conteúdo histórico-cultural sobre artistas, personalidades, políticos e acontecimentos em Duque de Caxias, RJ, projeto concebido pelos jornalistas Alberto Marques e Josué Cardoso.

sexta-feira, abril 07, 2006

ESTRADA DE FERRO LEOPOLDINA FOI O CAMINHO DO PROGRESSO DE CAXIAS (Coluna 162)

►A “Estrada de Ferro Leopoldina Railway”, concessionária da The Rio de Janeiro Northern Railway Company - cujo primeiro nome é uma homenagem à princesa D. Leopoldina, foi a primeira concessão para uma estrada de Ferro que, partindo diretamente da cidade do Rio de Janeiro, alcançasse a região serrana de Petrópolis. Concedido em 4 de novembro de 1882, pelo decreto nº 8725 a favor de Alípio Luis Pereira da Silva, com privilégios durante setenta anos, tendo sido seus estudos aprovados em 15 de setembro de 1883. A 28 de fevereiro de 1884 iniciou-se o trabalho para assentamento dos trilhos, o que levaria dois anos, até sua chegada em Meriti (atual Duque de Caxias), em 23 de abril de 1886. Partindo da sua estação inicial em São Francisco Xavier, seguia em direção às outras: Triagem, Bonsucesso, Penha e Meriti. Os outros pontos do percurso eram simples parada: Benfica, Amorim, Ramos, Olaria, Brás de Pina, Cordovil e Vigário Geral.
O prof. Rogério Torres, em recente crônica, comentando a entrevista do antigo morador José Luiz Machado (Machadinho) publicado no jornal “Tópico” em 1958, quando da chegada desta ferrovia ao vale do Meriti, assim registra:
“Nessa Meriti, de população rala e devastada pela malária, quatro famílias se destacavam, por serem donas de engenho no local; eram elas: a do capitão Luís Antônio dos Santos (Lulu dos Santos), dona da fazenda do Pau-Ferro, no Parque Beira-Mar; a do coronel Macieira, proprietário da fazenda do Engenho Velho, no 25 de Agosto; a de Antônio Tomé Q. Menezes, da fazenda da Vassoura, no Gramacho; e a de Antônio Telles Bittencourt, da fazenda Vassourinha, no Parque Lafaiete”.
Machadinho também descreve os primeiros caminhos que atravessavam a região: “A rigor, não havia ruas em Meriti, apenas precários caminhos. As principais vias eram a Estrada da Freguesia Velha, atual Avenida Nilo Peçanha, que ligava Meriti a Quibandê (São João de Meriti); Estrada da Covanca, que começava na Estrada da Freguesia Velha e terminava no Porto da Chacrinha, atualmente constituída pela Rua Mauriza e Estrada da Várzea; Estrada do Sarapuí-Pequeno, atual Avenida Duque de Caxias; Estrada do Engenho, ligando o Porto do Engenho à fazenda do Pau-Ferro, hoje Avenida Presidente Vargas; Estrada do Pau-Ferro, que ligava a Estrada do Sarapuí-Pequeno ao Caminho da Trairaponga, depois de passar pela Jaqueira (Centenário) até a Chacrinha”.
Antes de 1897, quatro trens trafegavam diariamente, na única linha que até então existia, com desvios: em Bonsucesso, Penha e na Parada de Lucas. Em Meriti, as obras da construção da ferrovia exigiram extensos aterros, dificultando a drenagem de uma região pantanosa, onde florescia a tabôa, fonte de renda de uma população escassa que se limitava a extraí-la para confecção de esteira e lenha para fabricação de carvão, transportando-os para a capital, aproveitando o deslocamento rápido da nova ferrovia. Os trabalhos continuaram com a extensão da ferrovia até o entroncamento da sua linha em Inhomirim, principal tronco para a subida da serra em conjunto com a Companhia Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará, que partia do Porto de Mauá até sua chegada em Petrópolis.
Saneamento - No principio do século XX, Meriti (Caxias) era um abandono completo. As obras de saneamento iniciadas com a República nunca foram continuadas. No governo Nilo Peçanha, verificaram-se alguns ensaios, abandonados na gestão Hermes da Fonseca. Esta região de charcos e pantanais estava entregue aos focos de malária, que o mosquito anofelino teimava em contaminar. Até que em 1933 foi criada a Comissão de Saneamento da Baixada Fluminense, subordinada ao Departamento de Portos e Navegação do Ministério da Viação e Obras Públicas, dirigido pelo engenheiro Hildebrando de Góis. Com o dessecamento do solo e desobstrução dos rios, obras que se arrastaram até o final desta década, sob a direção do DNOS - Departamento Nacional de Obras de Saneamento, deixaram a Baixada pronta para receber sua ocupação através dos loteamentos.
Nos anos seguintes, a região começou a sentir os efeitos da expansão urbana:
“O primeiro loteamento feito em Meriti foi realizado pelo engenheiro Abel Furquim Mendes, que em 1918 dividiu uma área ao longo da via férrea, entre as ruas Pinto Soares e Manoel Reis. Estes lotes foram oferecidos a cinqüenta mil réis cada. Entretanto, a venda foi um fracasso”.
Em 1922, começariam a surgir loteamentos que dariam origem a alguns bairros. O primeiro foi a Vila Centenário, de propriedade de D. Francisca Tomé, no local do antigo sítio da Jaqueira. A seguir, veio o loteamento da Vila Itamarati, de propriedade de Antônio Gonçalves Ferreira Neto, que hoje constitui o bairro Itatiaia. O terceiro loteamento foi o do Parque Lafaiete. A primeira rua calçada foi a José Alvarenga, que na época se chamava Rua do Ingá, devido à presença de um frondoso ingazeiro nas imediações. Em 1911, já funcionavam as estações de Gramacho, São Bento, Campos Elíseos, Primavera, Saracuruna e Parada Angélica.
O nome de Merity continuava denominando a estação local, apesar da população passar a chamar-lhe Duque de Caxias, por haver sido descoberto nesta região, o local de nascimento do herói nacional, localizado na fazenda São Paulo, bairro da Taquara. Liderado pelo Dr. Manoel Reis, influente político em “Iguassú”, município ao qual pertencia Merity, foi feito em 1932 um “abaixo-assinado” ao então interventor do estado Dr. Plínio Casado, pedindo “a troca das tabuletas” da antiga estação. O Correio de Iguassú, “vanguardeiro das grandes causas”, assim registrou o “grandioso” evento no dia 22 de maio de 1932. “Apesar de oficializada a nova designação, o nome de Merity continuava no alto da Estação local, causando a mais justa estranheza”. Procurando corrigir essa verdadeira anomalia, o Sr. Jayme Fischer Gambôa entrou em entendimento com os diretores da Companhia, não lhe sendo difícil conseguir aquiescência imediata para a mudança da referida tabuleta. (Guilherme Peres, pesquisador e membro do IPAHB)

Bibliografia: GOULART (Sílvio, “Correio de Iguassu” nº 59, Nova Iguassu, 1932, RJ),
SANTOS (Noronha, “Meios de transporte no Rio de Janeiro”, Biblioteca Carioca, 1996, RJ) e
TORRES (Rogério, “As histórias de machadinho”, Revista Caxias Magazine nº 175, Duque de Caxias,2000, RJ)

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

O FORTE DE CAMPINHO VAI ABAIXO
O Comando do Exército instruiu um processo licitatório para a venda dos imóveis ociosos sob a sua jurisdição.
Conforme a legislação em vigor, os registros desses imóveis devem estar em nome da União no Cartório de Registro de Imóveis nas respectivas circunscrições desses imóveis.
A Lei nº 5.651, de 11.12.1970, permitiu ao Ministério do Exército
fazer a alienação de qualquer imóvel que considere ocioso, conduzindo o processo e apenas informando ao Patrimônio da União. A regra geral é a Secretaria do Patrimônio da União instruir o processo e coordenar a venda. Em ambos os casos, a venda será efetivada em um leilão público, com edital publicado no Diário Oficial, jornais etc. O Ministério Público Federal questionou o processo de alienação, porque não existe mais a figura do Ministro do Exército. Os ministérios militares foram extintos com a criação do Ministério da Defesa, mas os comandantes das respectivas Forças Armadas têm “status” de Ministro. A Imprensa publicou no ano passado a notícia da venda dos imóveis e o questionamento do Ministério Público. Depois, nada mais foi publicado.
Pelo que eu sei, quando há um leilão desse tipo, é preciso que haja no mínimo três propostas, ou seja três interessados (pessoas físicas ou jurídicas) disputando o leilão se não, é anulado. Outro fator: é feita uma avaliação do imóvel e mesmo que haja três ou mais propostas em disputa, a proposta vencedora não poderá ser inferior ao valor da avaliação e se isto ocorrer, o leilão é anulado.
Logicamente, o valor da avaliação é confidencial e não pode ser divulgado em hipótese alguma. Estou estranhando é a declaração do presidente da Associação de Moradores de Madureira, afirmando que uma empresa IRÁ comprar o imóvel para fazer um empreendimento imobiliário e pelo jeito vai pôr tudo abaixo.
Eu tenho escrito para algumas organizações do Exército para saber mais detalhes do processo do Forte do Campinho e também para o Patrimônio da União.
Abraços,
Jorge Bastos Furman

11:41 PM, abril 10, 2006

 

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